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Cardiologia

Cardiologia

Dr. Luiz Filipe de Menezes Falcão

Quando procurar consulta de um cardiologista

As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte em Portugal e a morte súbita na população é maioritariamente de causa cardiovascular.

A cardiologia contribui para a prevenção, através do controlo dos factores de risco, rastreio, diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares.

Os principais factores de risco cardiovascular são:

– Hipertensão arterial
– Diabetes mellitus
– Hipercolesterolemia
– Obesidade
– Tabagismo
– SAOS (síndrome da apneia obstrutiva do sono)
– História familiar de doença cardiovascular.
Destes, só a história familiar não é modificável.

A hipertensão arterial continua muito subdiagnosticada e não controlada, a diabetes mellitus, que contribui largamente para a prevalência da hipertensão arterial, tem números crescentes, a hipercolesterolemia continua a apresentar elevada prevalência de níveis de LDL-colesterol acima do adequado para o controlo do risco cardiovascular, a obesidade tem uma expressão crescente e o
tabagismo é bem reconhecido como factor de risco. A SAOS (síndrome da apneia obstrutiva do sono) está associada a hipertensão arterial e a agravamento do risco cardiovascular. A história familiar deve justificar um rastreio precoce.

Queixas de cansaço e fadiga numa pessoa, geralmente acima dos 50 anos, podem dever-se a insuficiência cardíaca, particularmente se forem acompanhadas de pernas e pés inchados ou de batimentos irregulares do coração.
Queixas de dor precordial (no peito), particularmente desencadeada pelo esforço, palpitações (batidas irregulares do coração), sensação de taquicardia (coração acelerado) ou bradicardia (coração lento), tonturas,
episódios de perda de conhecimento (desmaio), devem motivar uma avaliação clínica em consulta de cardiologia, que, com exames complementares de diagnóstico, permite identificar a gravidade do problema e tratar eficazmente.

Sintomas mais frequentes:

– Cansaço e/ou falta de ar
– Pernas e pé inchados
– Dor no peito
– Batimentos irregulares
– Batimentos muito rápidos ou muito lentos
– Tonturas ou desmaios
– Ressonar, despertar durante a noite, sensação de sono não reparador

O progresso da medicina cardiovascular tem permitido modificar radicalmente o prognóstico da população que é diagnosticada e tratada precocemente.

L. Menezes Falcão, MD, PhD
Cardiologista

Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica caracterizada por sintomas (ex: cansaço, fadiga, falta de ar), que podem ser acompanhados por sinais (ex: engorgitamento venoso jugular, fervores pulmonares e edemas dos membros inferiores). Deve-se a alterações cardíacas estruturais e/ou funcionais, que resultam em pressões intra-cardíacas elevadas e/ou débito cardíaco diminuído em repouso e/ou durante o exercício. (2021 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic HF)

Principais sintomas e sinais de insuficiência cardíaca:

– Cansaço, fadiga (falta de energia)
– Falta de ar
– Veia do pescoço engorgitada (volumosa)
– Dificuldade em respirar quando a dormir deitado
– Tosse com expectoração por vezes espumosa
– Inchaço das pernas e dos pés

Cansaço e fadiga numa pessoa, geralmente acima dos 50 anos, podem dever-se a insuficiência cardíaca, particularmente se acompanhados de pernas e pés inchados e/ou de batimentos irregulares do coração.

A IC é muitas vezes acompanhada de arritmias cardíacas que agravam o prognóstico. Quando não tratada, acompanha-se de elevado número de hospitalizações e mortalidade.

A insuficiência cardíaca é a principal causa de internamento hospitalar em maiores de 65 anos nos paises desenvolvidos. Esta situação origina grande degradação da qualidade de vida com perda de autonomia dos doentes.

Estima-se que, em Portugal, existam pelo menos 400.000 indivíduos adultos do sexo masculino e do sexo feminino (4% da população) com Insuficiência Cardíaca, mas esta entidade está sub-diagnosticada, havendo muitas pessoas com a doença que desconhecem que a têm.

A prevalência da síndrome aumenta ao longo da vida e acentua-se marcadamente a partir dos 60 anos de idade.

Em Portugal, as doenças cardiovasculares, de que a insuficiência cardíaca faz parte, matam mais do que a doença oncológica (os cancros em geral)

As principais causas de insuficiência cardíaca são a Hipertensão arterial (HTA), a Doença coronária (DC) com o enfarte agudo do miocárdio (EAM), as Doenças das válvulas cardíacas, particularmente o aperto aórtico e a insuficiência mitral (cujo prognóstico pode ser modificado pela intervenção atempada), a Fibrilhação auricular, que é um factor de risco para acidente vascular cerebral e as Cardiomiopatias.

O alcoolismo crónico, ou mesmo o consumo exagerado de álcool em contexto social,
contribuem para o desenvolvimento de arritmias e podem ser causa ou factor de agravamento da insuficiência cardíaca.

Principais causas de insuficiência cardíaca:

– Hipertensão arterial
– Doença das artérias coronárias/EAM
– Doenças das válvulas do coração
– Arritmia do coração (fibrilhação auricular)
– Doenças do coração (em muitos casos, herdadas)
– Alcoolismo
– Diabetes mellitus

A boa notícia é que esta entidade – a insuficiência cardíaca – é, em larga medida, prevenível, desde que se actue atempadamente sobre as causas já atrás referidas, de que são exemplo a hipertensão arterial e outros factores de risco associados (ex: diabetes, colesterol elevado, tabagismo).

O diagnóstico da insuficiência cardíaca, em consulta de cardiologia, faz-se através de uma avaliação clínica complementada com electrocardiograma, ecocardiograma/Doppler, análises e eventuais exames de imagem adicionais de que são exemplos a TC-tomografia computorizada e a RMN-Ressonância magnética nuclear.

Os recursos de intervenção terapêutica com medicamentos (fármacos) e dispositivos (ex: ressincronização cardíaca e cardioversor desfibrilhador implantável) não páram de aumentar, alterando radicalmente o prognóstico, permitindo, em grande número de casos, contrariar o curso da doença e o retomar de uma vida activa pessoal e profissional.

L. Menezes Falcão, MD, PhD
Cardiologista